segunda-feira, 4 de agosto de 2014

MONITORIZAÇÃO RESPIRATÓRIA

OXIMETRIA DE PULSO

PRINCÍPIOS DO TRANSPORTE DE O2:


Para compreender e aplicar a oximetria de pulso na prática, devemos recordar os princípios do transporte de O2 e a curva de dissociação da Hemoglobina.
Expondo a Hemoglobina a tensões de O2 crescentes, resultará em saturação da oxihemoglobina crescente até que eventualmente toda Hemoglobina esteja saturada com O2       (Sat. = 100% => PaO2 = 150 mmHg). A linha que descreve graficamente a correlação entre PaO2 e saturação de Hemoglobina se conhece com o nome de Curva de Dissociação da Hemoglobina e mostra o modo pelo qual a Hemoglobina e o O2 se combinam em diferentes paO2 .

  

Podemos observar que a Curva de Dissociação da Hemoglobina tem a forma de um "s" itálica quase horizontal nos extremos e muito empinada na parte média.
                        Considere a simples equação:

                                    Hb  +  O2                                     Hb (O2)
                        Desoxihemoglobina + Oxigênio       -     Oxihemoglobina 

 O O2 ligado a Hemoglobina (Hb (O2) e dissolvido no plasma (O2) estão em equilíbrio dinâmico, sendo a Hb (O2) a forma favorável na reação; por volta de 98 a 99% do O2 no sangue está ligado à Hemoglobina e o restante está dissolvido no plasma, que é medido como PaO2 (assim a PaO2 reflete o O2 dissolvido no plasma e não o O2 ligado à Hemoglobina); teoricamente deveríamos observar uma queda na PaO2 antes de uma queda na saturação; no entanto, o equilíbrio é estabelecido instantaneamente após ocorrer uma mudança em ambos os lados da equação; logicamente, se mais O2 é adicionado ao sistema, mais O2 se ligará a Hemoglobina; também, se mais O2 dissolvido está sendo usado pelos tecidos ou não está sendo reposto pelas adequadas trocas pulmonares, mais O2 será deslocado da Hemoglobina, aumentando assim a dessaturação.
A saturação da Hemoglobina é igual à quantidade de Hemoglobina combinada com o O2, dividida pela capacidade total da Hemoglobina de combinar-se com ele.
Ao analisarmos a  Curva de Dissociação da Hemoglobina, observamos duas partes distintas:
                                    a) parte superior (horizontalizada)
                                    b) parte inferior (verticalizada)

a) Parte Superior: saturação acima de 80% (grandes variações na paO2 sanguínea quase não alteram  a saturação da Hemoglobina), vejam:        



  •      paO2 de 100 mmHg ---- Sat. de 97,5%                                                                                                                        
  •      paO2 de 70 mmHg ----- Sat. de 92,7% 
Para uma variação na paO2 de 30 mmHg, temos  uma variação na saturação de somente 4,8%.

Este comportamento da Hemoglobina de variar muito pouco a sua saturação mesmo diante de grandes variações da paO2 no seu segmento horizontal, constitui uma das maiores proteções contra a hipoxia (raciocinar em termos  de conteúdo de Oxigênio do sangue arterial - veja a frente.

b) Parte Vertical: saturação entre 10 e 70% (paO2 de 10 a 40 mmHg).
Esta parte vertical da Curva de Dissociação da Hemoglobina protege os tecidos, permitindo que captem grandes quantidades de O2 do sangue com pequenas quedas de paO2.
Há vários fatores que podem desviar a Curva de Dissociação de Hemoglobina para a direita  (indica diminuição da afinidade pelo O2, o que leva a uma quantidade aumentada de O2  disponível para o tecido; é mais fácil o O2 se desprender da Hemoglobina) e para a esquerda  (indica um aumento da afinidade pelo O2, o que leva  a uma diminuição da quantidade de O2 libertada para o tecido, devido a mais favorável ligação do O2 com a Hemoglobina).

Entre  os fatores que afetam a afinidade da Hemoglobina com o O2 são:
                  Tipo de Hemoglobina: a Hemoglobina fetal (HbF) desvia a curva para a esquerda, enquanto que a Hemoglobina do adulto desvia para a direita
                  Hipotermia: Desvia para a esquerda 
                  Hipertermia: Desvia para a direita
                  Alcalose:  Desvia para a esquerda
                  Acidose: Desvia para a direita 

Sob circunstâncias normais, estes fatores  trabalham para o benefício fisiológico do organismo. Por exemplo: o metabolismo dos tecidos produz mais Hidrogênios e CO2  que resultam  num discreto desvio da curva de disssociação para a direita, resultando assim quantidades aumentadas de O2 aos tecidos. Agora, um desvio súbito e grave para a direita, ocorre uma diminuição resultante no O2 disponível ao tecido, devido a uma diminuição do teor de O2.
O aumento da afinidade da Hemoglobina pelo O2 é controlado por uma enzima, a 2, 3 - Difosfoglicerato (2, 3 - DPG) que modula a afinidade pelo O2  através da ligação com a Desoxihemoglobina, reduzindo, assim, a quantidade de Hemoglobina disponível para ligação com o O2.
Quando há um aumento no 2, 3 - DPG intraeritrocitário, a curva desvia para a direita, facilitando a liberação de O2  aos tecidos (tem sido encontrado aumento de 2, 3 - DPG  na anemia, doença cardíaca e doença pulmonar).

   
No adulto, SaO2 maior que 95% corresponde a uma paO2 de 70 mmHg.
Quando a Hemoglobina não está totalmente saturada, grandes aumentos no teor de O2 são vistos com pequenos aumentos na paO2, pois assim, todo aumento no teor de Oé devido à união do O2 à hemoglobina. Agora, quando a hemoglobina está saturada ao máximo, grandes aumentos na paO2, são acompanhados por pequenos aumentos no teor de O2, porque somente O2 dissolvido é possível.

Portanto: A SATURAÇÃO DE O2 É UM INDICADOR DO CONTEÚDO DO O2 DO SANGUE, QUE É O FATOR FISIOLÓGICO MAIS IMPORTANTE.


PRINCÍPIOS DA OXIMETRIA DE PULSO:
A oximetria de pulso é um método de medir a SaO2 (Saturação da Hemoglobina) continuamente, de forma não invasiva; usa técnicas baseadas nos princípios da Plestimografia (determina a amplitude do pulso e a forma de onda de pulso) e da Espectrofotometria (analisa  transmissão de luz através dos tecidos).
Diversos fatores podem impedir leituras acuradas na oximetria de pulso, destacando-se:
  • meta-hemoglobinemia; 
  • carboxi-hemoglobinemia; 
  • hiperbilirrubinemia; 
  • luz ambiente excessiva; 
  • mau posicionamento do sensor; 
  • redução da perfusão da extremidade (hipotermia, doença obstrutiva arterial e hipotensão);
  • presença de certos compostos químicos na circulação (medicamentos vasoconstritores corantes); 
  • espessura e cor da pele; 
  • presença de esmalte nas unhas; 
  • edema.
Em pacientes com oxigenação deficiente, a oximetria de pulso fornece informação imediata sobre o resultado dos ajustes na fração inspirada de oxigênio (FiO 2 ) e pressão positiva expiratória final (PEEP), oferece segurança adicional devido à possibilidade de monitorização contínua e reduz a frequência de coletas de sangue arterial (gasometria arterial) durante o processo de desmame da ventilação mecânica.

Fonte (Sescad  Intensivo de adultos; Tratado de terapiade Fisioterapia Hospitalar)

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